O jogador que marca o círculo lança a dicção do verbo que erra no princípio, em 26 raízes alfabéticas de acesso à velha vila.
O jogador que marca o xis lança a ficção do livro de faz-de-contas correntes, em 9 canais náuticos de acesso a novas vilas.
O jogo da velha relação entre arte e vida é um campo lúdico que incorpora um catálogo pessoal (Gil Nuno Vaz) a uma trama imaginária (Cantos Correntes), numa espécie de ficção-científica autobiográfica.
Embora concebido à feição de uma sinfonia inacabável, ou seja, uma obra sem previsão, ou mesmo intenção, de vir a ser finalizada, é possível esboçar um resumo da ópera, limitado a apontar algumas coordenadas desse campo, um território que se esquiva à apreensão por guias, roteiros ou mapeamentos.
Primeira direção
A base original do território a ser percorrido é a Vila, uma configuração urbana associada mas não condicionada à Vila Belmiro, bairro da cidade de Santos habitado por operários no início do século XX e mais conhecido como espaço de localização do estádio esportivo do Santos Futebol Clube.
Segunda direção
​
A trama, com seus personagens, situações e encadeamentos, desenvolve-se ao longo dos canais de drenagem sanitária da cidade de Santos, mais especificamente os sete canais que desembocam na enseada, aos quais são acrescentados dois canais: o canal 0 (zero) e o canal N (ene).
Terceira direção
​
O campo lúdico do Jogo da Velha é uma rede que embaralha as relações mais profundas entre o catálogo e a trama, a partir de uma associação dos sete canais às sete notas musicais da escala natural e, no limite, levando à hipótese radical de que o acesso à trama passa pela desarticulação dessa rede.
Quarta direção
​
Numa trama dentro de outra trama, dois auditores assumem essa hipótese e começam uma investigação no intuito de desvendar o mistério, deparando-se com uma comunidade incomum, cujos membros se dedicam à busca incessante das origens e destinos do universo, a qual suscita profundos questionamentos e inesperadas mudanças na percepção da realidade.
